Que time fabuloso esse
Barcelona atual! Não posso escolher outra frase para iniciar a
presente crônica sobre a desclassificação do time catalão, na
recente terça-feira, 24/04, diante do bravo Chelsea, em jogo válido
pelas semifinais da Champions League.
Muitos poderiam pensar
que eu cheguei a um grau extremo de insanidade ao tecer elogios dessa
natureza a uma equipe derrotada. Danem-se, tais críticos! O fato é
que somente um time espetacular é capaz de ser o protagonista
inclusive em seus momentos mais frágeis. Sim, pois o Barcelona
deteve a posse da bola em 73% do tempo jogado. Em um universo de 90
minutos, isso equivale a ter o controle da bola em 65 minutos e meio
(essa é a proporção; é evidente que se fôssemos contar as bolas
paradas teríamos menos tempo de jogo e, portanto, menos tempo de
posse de bola).
Entretanto, nem é isso
o que mais espanta. O que efetivamente assusta é o fato de que todas
as pessoas sãs deste mundo, e que admiram o futebol, consideravam a
desclassificação do Barcelona algo absolutamente surpreendente,
constituindo em zebra (jargão clássico do futebol, quando uma
equipe considerada bastante inferior ao oponente o vence) uma
eventual vitória do Chelsea. E é por isso, justamente por essa
consideração unânime, que o resultado desta partida trouxe tanta
surpresa, podendo ser verificada através de uma análise dos perfis
de Facebook e Twitter de todo o mundo, os quais comentaram
incessantemente a respeito. Assusta, sim, pois não estamos falando
de Barcelona versus XV de Jaú, mas do Chelsea, uma equipe não muito
tradicional num plano histórico, é verdade, porém investida de uma
enxurrada de valores econômicos oriundas de um empresário
megalomaníaco, o qual tornou tal equipe em uma das grandes forças
mundiais, que desde o início do presente século tem disputado
fervorosamente os títulos. E quando tratamos de equipes fortes, e de
futebol, não poderíamos considerar inaceitável a hipótese de que
uma destas derrube a outra. Em tese, deveríamos ter a prudência de
analisar o confronto sem arriscar um favorito. Repito: em tese!
Quando falamos do Barcelona atual, todas as teses são destruídas,
cabendo aos teóricos a compreensão do novo paradigma instaurado por
esta equipe, para que possam, assim, organizar suas anotações a fim
de refundarem suas teses. Só este time é capaz de causar espanto:
tanto pelo que produz em campo quanto por uma eventual queda. Hoje,
surpreendentemente, foi o dia da queda!
Ao analisarmos a
partida (gravei o jogo, por impossibilidade de assisti-lo ao vivo.
Analisei-o, portanto, sabendo do resultado), vemos que a equipe
inglesa desistiu por absoluto de um esquema tático propositivo,
mantendo seus 10 jogadores – após a expulsão do Terry, 9 –
dentro ou em frente à área, formando um cinturão quase que
intransponível. De novo, estamos falando de Chelsea! Trata-se de um
timaço! Porém, é um timaço que tem a humildade de reconhecer a
colossal inferioridade diante de um dos maiores times da história.
Logo, acertadíssima a escolha do Di Matteo, técnico do Chelsea, em
manter a equipe completamente defensiva, pois só assim é possível
tomar o mínimo possível de gols. Sim, porque mesmo assim o
Barcelona conseguiu por duas vezes chegar ao gol dos ingleses! Sem
contar uma dezena de chances desperdiçadas pelos catalães,
incluindo-se o pênalti desperdiçado pelo irreconhecível Messi –
este, sim, muito aquém da sua normalidade, a qual, diga-se, é a
anormalidade, a genialidade. Os gols do Chelsea, por sua vez,
nasceram da casualidade, da vontade dos deuses. Em um raro momento de
troca de passes, nasceu o primeiro gol do time inglês, em um lance à
la Messi de Ramires, encobrindo Victor Valdés com um toque sutil na
redondinha. O segundo gol, aquele que sepultou de vez o sonho dos
espanhóis, nasceu de um balão desesperado do zagueiro para a
frente, que casualmente encontrou Fernando Torres, livre, leve e
solto, para que o centroavante driblasse o mediano – e extremamente
abaixo dos companheiros de equipe, em qualidade técnica – goleiro
do Barcelona e anotasse o tento. O resto da partida foi de um sufoco
atroz imposto pela máquina de jogar futebol catalã, em um jogo de
ataque contra defesa, com os craques fazendo rodar a bola em frente à
área, procurando um espaço qualquer dentro desse bolo de “9
zagueiros” do Chelsea.
Imagino que deva ser de
extrema complexidade criar lances de gol em uma situação dessas.
Algo que só uma equipe como o Barcelona tem a capacidade de
enfrentar! O que não foi o caso nesta terça-feira, mas que poderia
ser em qualquer outro momento. Está certo que o time catalão não
foi tão criativo como de costume, bem como demonstrou certo
afobamento, principalmente no 2º tempo, mas, convenhamos, a
dificuldade de penetrar uma área composta de 9 jogadores é absurda!
Aliás, é necessário
dar a devida atenção para isso: o Chelsea jogou com todos os
jogadores na defesa! Reitero: pô, é Chelsea! Não Íbis!!! Só esse
fato demonstra o que significa o Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta.
Há vozes que começam a considerar a hipótese de que o ciclo de
glórias se esgotou, baseando tal argumento nas 3 últimas partidas,
em que o Barcelona acabou derrotado em duas e empatando nesta última.
Ora, a minha tese é de que só poderá ser tido como desbancado esse
time no momento em que as equipes adversárias conseguirem controlar
a partida, com mais posse de bola, chute a gol etc. No atual estágio
das coisas, as derrotas desta equipe se dão tão-somente por fatores
fortuitos. Não há, ainda, uma quebra de paradigma! Ninguém neste
mundo conseguiu ser efetivamente superior ao Barcelona, em que pese
uma ou outra equipe ter obtido vitória em determinado confronto
direto.
Estamos no século XXI,
tempo de tecnologias avançadas e de futebol extremamente
competitivo, cujo vigor físico só se eleva, dificultando a
distinção técnica. E, espantosamente, o time catalão vive esse
momento de uma forma tão soberba que parece ser de outro mundo. Ele
é tão superior aos demais que acabamos esquecendo tratar-se de
futebol, o esporte praticado por este time! O bom do esporte bretão
é que ele nos lembra da sua natureza improvável em momentos como
esse: nas quedas de um time tão assombroso!
excelente texto caro amigo mais uma vez o barcelona causa este assombro
ResponderExcluireste barcelona que mais do que nunca se firma entre os melhores times de todos os tempos por sua genialidade dentro dos gramados
Deivisson Dias
Obrigado, amigo!
ExcluirAcredito que este time do Barça esteja entre os 5 maiores esquadrões da história do futebol, no mínimo...
Abraço!
Vide Barcelona X Inter de Milão em 2010.
ResponderExcluirCom a axpulsão de Thiago Motta, foi um jogo de ataque contra defesa,com nove zagueiros jogando em um quarto do campo. Uma linha com cinco defensores mais a frente, tendo como ala esquerdo de defesa o famoso zaqueiro Samuel Eto'o. Foda, né? Logo atrás, uma linha de quatro imensos zagueiros de ofício. O gol de Piquet, no segundo tempo, ocorreu apenas após a substituição de um jogador da linha de frente por um quinto zagueiro de ofício, no caso, o Córdoba! Pasmem! Inter de Milão com cinco zagueiros e quatro outros jogadores fazendo essa função uma linha a frente. Por muitos momentos, o jogo dessa semana me parecia um replay de 2010.
Bom, cada um com sua estratégia (vide nosso WAR), jogo é jogo, guerra é guerra. Mais uma vez, isso se comprovou. Porém, são estratégias que simplesmente abdicam da posse da bola, o uso dela. Gostaria de ver o Barcelona deixando o adversário um pouco mais com a bola, tendo a obrigação de atacar...agora, é um time de muito peito e coragem; não tem medo de atacar e simplesmente faz qualquer (veja bem, qualquer) adversário assistir ao jogo tendo praticamente todo o tempo a preocupação de se defender e deixar o torcedor ridiculamente estressado, como um ocvarde sem a mínima chance de gritar ou reagir. Gostaria de escrever mais sobre isso, mas acho tu o faria mehor do que eu. Eu um próximo post! Grande abraço! Parabéns!
Excelente relação, Bruno! O Drogba, pelo Chelsea, fez a função que o Eto'o exerceu com a Inter. A mesmíssima função! E é exatamente essa a sensação que deve causar ao torcedor de uma equipe adversária ao Barcelona: uma absoluta impotência diante de um inimigo infinitamente superior! É uma luta aos moldes de Davi e Golias. Assim como no mito bíblico, Davi teve o seu dia de sorte e derrubou o gigante...O que não tira de Golias toda a sua força, potência e soberba! Esse é o Barcelona...Espantoso! Abração e muito obrigado pelo belo post! Esse é o objetivo do blog: produção de ideias e diálogo construtivo!
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